Enquanto o desejo do homem for ser pássaro e voar, então a criança será homem e sonhará…
No alto de seu voo, verá o pássaro o que os outros não conseguem, talvez devido à perspectiva, ou à sensibilidade, ou simplesmente através da constatação do que já suspeitara, negação. Esse contraste impõe-se através da força das cores, a discórdia assume a forma de guerreiros; a incompreensão, no isolamento da solidão e de alguma tristeza; na fragilidade da criança surge a esperança; na poalha da tempestade rompe o canto dos pássaros e nas melodias surgem as lembranças das paixões e dos amores destroçados ou refeitos… pintados e expostos sem molduras.
Falta-nos a capacidade de compreensão, oh natureza que nos pinta os olhos de beleza, ou talvez, nos falte sermos irracionais, para sentirmos o malogro, a falta de respeito pela liberdade do que nos rodeia, a crueldade da civilização em nome do desenvolvimento, que mais se assemelha a retrocesso da civilização, a comportamentos irracionais.
Ouvimos o grito surdo dos que já não podem gritar… enclausurados na velhice angustiada e sem reconhecimento, dos que descobrem a vergonha e o desprezo, vincam-se-lhes no rosto como rugas.
Vemos a queda de quem, no desespero salta de cabeça perdida, quando um dia também ousou sonhar voar…
As guerras causadas pelas crenças, pelo domínio das religiões, nessa batalha milenar e sem fim à vista, envenenada por elaboradas campanhas de marketing, para angariar novos recrutas com uniformes e batinas, prontos a explodirem de heroísmo.
Liberto a musa que se estende com asas abensonhadas por entre as andorinhas ao entardecer… fico apreensivo porque esta se volteia em susto e grito, vê-se o peito, acelerado…mais forte o medo que a crença.
Mais forte a cor que o negro…óleo sobre tela